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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sábado, 21 de junho de 2014

Inverno que chega

      Os dias já  estão mais frescos, principalmente no final da tarde. Paraty está mais do que nunca ocupada por gringos de todos os matizes - especialmente argentinos e franceses. Muitos aproveitam a Copa do Mundo para estender a viagem até aqui. Entendo que os argentinos venham em bando, afinal eles moram "perto", mas por que tantos franceses se abalam da distante Europa para nos conhecer? Além dos turistas eventuais, dizem que há muitos aqui radicados. Imagino o que esses forasteiros sentem ao ver tanto descaso. Às vezes sinto vergonha por eles. As calçadas são uma verdadeira pista de obstáculos: degraus de acesso às casas tomam metade do espaço, caixas de esgotos são cobertas por barras de ferro, sequência do piso têm desníveis, a pavimentação é desigual. A limpeza das ruas é excelente, graças ao trabalho individual dos garis, mas as latas de lixo estão imundas, quebradas, sem tampa. Vergonha para qualquer cidadezinha simples do interior, quanto mais para aquela que se orgulha de ser um dos principais polos turísticos do Estado.
     Na beira-rio, um dos locais mais belos e que deveria receber atenção especial, a conservação inexiste. O ordenamento paisagístico de poucos anos atrás melhorou seu visual (tive ocasião de ver o antes e o depois), mas... os bancos com base de concreto e assento de barras de madeira, depois de alguns anos sob sol e chuva, perderam completamente o verniz e a madeira está apodrecendo. No centro da cidade, várias foram arrancadas. Sem falar na ponte inacabada (embargada pelo Ministério Público) sobre o rio Perequê, é um monumento ao descaso. A vegetação nativa às margens da estradinha entre o Portal e o centro da cidade está mais rala, em comparação a três anos atrás, derrubada por vândalos, sabe-se lá com que objetivo. É tudo muito triste. Talvez seja mais fácil a um olhar "estrangeiro" como o nosso perceber essas mudanças, mas não podemos, reclamar. Afinal, somos "forasteiros", sem direito de opinar!

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