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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

terça-feira, 1 de julho de 2014

Poda abusiva

      Trabalhadores da Prefeitura deceparam pela terceira vez (em três meses) os galhos da árvore que plantamos, a partir de uma semente, no canteiro central da avenida próxima a nossa casa. Trata-se de um pé de caqui, que chegou a atingir 2 metros de altura. Foi quando sofreu a primeira poda. Aparentemente, para retirar um galho mais afoito que avançava até o asfalto e, hipoteticamente, iria atrapalhar o fluxo de carros. Para não perder o hábito, aproveitaram para cortar mais alguns galhos. Pouco mais de 20 dias depois, outra leva de funcionários  passou com seus facões ou o que seja e eliminou mais alguns galhos. Foi drástico! Aquela, sim, doeu no coração. Galhos grossos foram cortados pela base, restando apenas o tronco e dois ou três mais. Anteontem, passando pelo local, vimos uma turma da Prefeitura limpando o canteiro central com ancinhos e enxadas. Meu coração gelou. Pensei, mas não quis acreditar: "Eles vão cortar os galhos outra vez".
      Quase pedi clemência para com aquela árvore, prestes a ser mutilada. Mas não, não iriam entender. Não os culpo. Não tiveram formação educacional, nem mesmo funcional, para respeitar o verde, no primeiro caso, e aprender a realizar podas necessárias, que beneficiem, em vez de eliminar a planta, no segundo caso.Ontem, vi que o pior tinha acontecido. A terceira poda, ainda mais desnecessária e abusiva que as anteriores, eliminou os galhos que restavam, deixando-a apenas no esqueleto. Impotente, não sei a quem protestar. Talvez à Prefeitura? Isoladamente? O próximo passo, a próxima poda (porque ela vai acontecer, porque mais uma turma vai chegar, sem saber que aquela árvore já foi "tratada"), deixará apenas um tronco agonizante e uma certeza: brasileiro odeia o verde. E um consolo paradoxal: perto do desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, isso não é nada!

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