Ninguém vai me dar os parabéns? Tornei-me oficialmente uma cidadã paratiense há três dias, dois anos e dois meses após mudar-me para cá. No dia 28 passado, fizemos a transferência de nossos títulos eleitorais para Paraty. Se o oficial do cartório eleitoral tivesse me perguntado, como nos casamentos: "É de sua livre e espontânea vontade que aceita Paraty como seu lar, para toda a vida?", eu teria respondido entusiasticamente que sim. A. ficou meio relutante, mas não havia outro jeito. Na verdade, não pensávamos em mudar nosso domicílio eleitoral, pelo menos por enquanto. O TRE, porém, resolveu fazer um recadastramento geral, com vistas a uma futura identificação por impressões digitais (biometria). Fomos praticamente "obrigados" a nos recadastrar e, consequentemente, informar a mudança de endereço, ocorrida há pouco mais de dois anos.
Minha intenção era postar essa novidade no mesmo dia, ou pelo menos no dia seguinte ao fato, mas não tive tempo (esta semana fomos ao Rio duas vezes, na segunda e na quarta-feira. Compramos alguns metais que faltavam para os banheiros e o lavabo). Como uma típica obra de igreja, vamos fazendo as coisas aos poucos, para não sobrecarregar o orçamento. A. diz ter desistido de votar, desiludido com a política e os políticos. É preciso exercer sua cidadania, eu disse, mas ele foi irredutível. Não vota mais e acabou-se (o voto acima dos 70 anos é facultativo, mas, enquanto eu não abro mão desse direito, ele achou melhor jogar a toalha). Somos ativos, não aparentamos a idade e, para usar um truísmo, temos uma mentalidade jovem, como em geral todos os que viveram a década de 70. Fazemos parte, se quiserem nos classificar, da turma dos "novos velhos", seja lá o que for isso.
A transferência, no cartório eleitoral de Paraty, foi rápida, sem filas, sem grandes exigências, só as cópias dos documentos de praxe (identidade, CPF, comprovante de residência, título eleitoral). Este é um marco na vida deste casal que, aos 70 e 72 anos, respectivamente, mudou-se para uma cidade menor (e, paradoxalmente, mais movimentada que a anterior, Niterói). Não direi que fomos corajosos (por que seríamos?), apenas que essa mudança era imperativa, naquela fase de nossa vida. Depois de mais de 40 anos (ele, a vida inteira) em Niterói, eu não aguentava mais . Dois anos após a mudança, esse casal muda-se novamente, desta vez para O outro lado da rua (em itálico, porque será o título de um romance que pretendo escrever nos próximos meses, justamente sobre essas mudanças). Meio autobiográfico, meio ficção, vem na esteira dos acontecimentos que se deram com relação a meu irmão R., que matou-se (eu preciso ter a coragem de dizê-lo) em janeiro do ano passado, quando estávamos em Paraty há pouco mais de um ano.
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