Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ruas de pedra

      Minha irmã chegou ontem. Passei com A. o Natal em Niterói e estamos de volta às velhas pedras do Centro Histórico. Restam poucas dos velhos tempos, originais da época em que os portugueses construíram as belas casas de grossas paredes caiadas e janelas em boa madeira, pintadas de azul. Dá para perceber a diferença entre as pedras originais, de um cinza-escuro lustroso, quase negro, alisadas pelos muitos passos que sobre elas percorreram os séculos. As de épocas mais recentes são claras, rugosas, de aparência leve, como se fossem de pedra-sabão. É estranho o que vem acontecendo com as pedras do Centro Histórico. Na tentativa de aplainar o calçamento, "alguém" está jogando areia misturada com terra sobre as pedras. É óbvio que isso facilita a vida de quem usa as mesas e cadeiras à frente dos restaurantes e bares, mas daí a modificar um visual de séculos é uma outra história.
      Acontece que a irregularidade do calçamento é uma das características mais marcantes de Paraty. A coisa é feita à noite, porque pela manhã o estrago está feito. Será a Prefeitura, através de sua Secretaria de Obras? Teriam sido os próprios comerciantes, para poder acomodar melhor os fregueses nas mesinhas da rua? Ninguém sabe. Mas acredito que a prefeitura peque pelo menos por omissão, ao fazer vista grossa ao que está acontecendo. Há dois anos e meio, quando aqui chegamos, isso não existia. De repente, aqui e ali, começaram a surgir pontos cobertos com areia misturada a terra. Daí para a frente, a coisa só piorou: por toda a parte pisa-se em terra e lama. Em alguns lugares, as pedras desapareceram totalmente e há grandes falhas no piso, onde existe apenas terra batida.
      - Fazemos isso pra acertar o calçamento, explicou uma funcionária de um bar defronte à Praça do Chafariz, sem indicar culpados. 
       A beleza do calçamento (que há muitas décadas não é mais o mesmo, estando distante de sua estrutura original) está desaparecendo aos poucos. Dentro em breve, a continuar essa prática, vai existir apenas terra batida nas ruas de Paraty. Pior para os comerciantes, que se esquecem de que seus lucros vêm justamente da beleza do Centro Histórico, do qual as pedras fazem parte.
      Mudando de assunto: tempos de cidade cheia, muito calor e o Ano Novo chegando. Passaremos no condomínio, mas ainda não sabemos se vamos assistir à queima de fogos na Praia do Pontal. É nosso terceiro Ano Novo em Paraty.

Nenhum comentário:

Postar um comentário