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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Filme e árvores

        Como eu antecipei, fomos ver Billy Elliot, na sala do IPHAN, na Praça da Matriz, na semana passada (pequena avaliação:  um bom filme, no sentido comercial do termo, um tanto esquemático, com roteiro abusando de soluções prontas, de impacto, para agradar a grandes platéias). Na sala fronteira à praça, rola sempre uma exposição agradável, de pintura ou artesanato. A entrada na sala de exibição se dá pela lateral do prédio, uma portinha sem nenhuma indicação de que ali se assistem filmes. Conhecemos a programação do cineclube por acaso, através dos informes afixados na Casa da Cultura. Mesmo não conhecendo ninguém ali (afinal, a entrada é gratuita), passamos a frequentá-las. Com o passar do tempo, encontramos conhecidos e nos habituamos às caras novas, inclusive dos realizadores das mostras, que conhecemos, embora superficialmente.
      Ontem, domingo, assistimos na Casa da Cultura a Vitus, este de qualidade um pouco superior. E assim vamos nos abastecendo, de enxurrada, de uma programação atualizada, com filmes vencedores de várias categorias de Oscar (coisa que não conseguíamos fazer em Niterói). A programação, que priorizava filmes mais antigos, hoje parece mais diversificada.  Quanto aos que assistem, com um mínimo de bom-senso, nada posso dizer. No geral, são todos simpaticíssimos. No próximo dia 1 de junho, será aberta na sala do IPHAN a Mostra Woody Allen (os demais filmes serão exibidos na Casa da Cultura). Nesse mesmo local serão exibidos a seguir filmes do calibre de O som ao redor, Capitalismo, A menina que roubava livros, A grande beleza, este, Oscar de melhor filme estrangeiro, que abrirá a Mostra Fellini (os demais filmes dessa mostra serão exibidos na Sala IPHAN).
       Passando a outros assuntos, tenho um lado meio rústico, ligado ao meio ambiente e ao respeito pelas árvores. Adolescente (entre os 12 e os 16 anos), plantava, no terreno ao lado da casa onde morávamos em São Gonçalo (RJ), na encosta baixa de um morro, mudas de plantas e sementes. Aqui em Paraty exercito esse lado plantando mudas de árvores (que cultivo a  partir de sementes) no canteiro central da Av. Roberto Silveira. Já falei disso em meu outro blog, Anel de pedra verde (em que não escrevo mais, mas que continua no ar). De quatro mudas que plantei, no início de minha estadia em Paraty, apenas uma sobreviveu, um pé de pinha (fruta-do-conde) ou de caqui, já nem sei mais, que hoje tem uns dois metros de altura. Pena que, mal chegou ao tamanho de um metro e pouco e começou a chamar a atenção, foi vítima de duas podas desastradas (quem as realiza? não sei, mas posso adivinhar). A segunda, totalmente sem sentido, quase o matou. Foi feita há cerca de um mês e cortou galhos já grossos, pela base, apenas porque avançavam uns 20 cm sobre a rua. Só que não atrapalhava em absoluto o trânsito, pois os carros passam do lado direito da pista, enquanto a árvore fica do lado esquerdo. O quê? Quem se preocupa com algumas árvores de rua? Pois é, mas o espírito da coisa é o mesmo, quer se trate de uma árvore de rua, quer de uma inteira floresta amazônica. Por falar nisso, a Mata Atlântica continua sendo devastada!
      Brasileiro tem raiva de plantas! Como sou teimosa, plantei mais. Pés de guando (!), que joguei num canteiro lá em casa e já estavam com um metro de altura, começando a florescer e, ao mesmo tempo, a definhar, pelo espaço exíguo em que estavam. Fiquei com pena e passei-os para o canteirão central da Roberto Silveira. E ainda um abacateiro que estava na mesma situação, com o desenvolvimento paralisado devido à falta de espaço. A. me acompanha nessas investidas e me ajuda a carregar o material (uma pequena pá e uma garrafa d'água para minorar o trauma do transplante). Faz duas semanas, e até agora eles estão bem, com as folhas antigas caindo e brotinhos apontando nas extremidades. O melhor de tudo é que não sou a única. Três pessoas (todas mulheres), nos abordaram, elogiando nossa iniciativa e dizendo que fazem o mesmo. Todas moradoras do bairro!

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