Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Beira-rio

Viemos a pé pela estrada enroscada em curvas. A grande curva leva primeiro a uma avenida cujo nome certo ninguém sabe, apesar, et pour cause, das placas desatualizadas. De ambos os lados se erguem em ritmo acelerado casas e pousadas. Quando chegamos, logo depois do temporal catastrófico que derrubou pontes e subiu a meio metro das pousadas à beira-rio, eu ia dormir já vendo a serra a desabar em cima de nossa casa. Após a avenida, segue a estrada margeada por mata atlântica, as margens rente ao meio-fio bem cuidadas, e depois a beira-rio de águas sujas, onde rio e mar se encontram.  É um ritual diário, a caminhada: de vez em quando o pio de canários-da-terra amarelos, sanhaços e bem-te-vis, e uma flor esdrúxula e tortuosa, muito branca, abrindo bocas no tronco de uma árvore, entre folhas imensas e amazônicas saídas naquele instante das mãos de um Criador anônimo. Por enquanto é só.

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