Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Copos e bicicleta

      Paraty seria o paraíso natural perdido? Eu esquecera em um banco de ônibus dois copos de vidro verde que havia acabado de comprar. Uns cinco dias depois, em outro ônibus da mesma linha, fui abordada por um rapaz de aparência simples, que, com um sorriso meio sem jeito, perguntou se eram meus aqueles copos. Ele me vira saltar do ônibus no ponto perto de casa e, ao ocupar meu lugar, percebeu que havia um embrulho sobre o banco. Sem saber o que fazer, levou-os para casa, desculpou-se, e queria devolvê-los. Surpresa, disse-lhe que não, que não eram meus, seria um engano. Preferi deixá-los com ele. De outra vez, ia eu pela estradinha em direção a casa, portando uma bolsa de papel com alguns pertences, quando passou, em direção contrária, um homem de bicicleta. Um minuto depois, ouvi:
       - Ei, senhora! ei, senhora! 
       Achei que não era comigo. De repente, ouvi uma freada brusca às minhas costas. Era ele mesmo, o ciclista, que parou ao meu lado e exibiu, no guidão da bicicleta, a sacola que, sem perceber, eu perdera, deixando escorregar das mãos para o chão (vá lá saber como, credite-se isso à minha proverbial distração!). Deduzindo acertadamente que era minha, voltou de seu caminho para devolvê-la, entre sorrisos de satisfação. A honestidade das pessoas simples de Paraty é encantadora.

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