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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Bananeiras

      No terreno que beira a rodovia, meio escondido pelo muro do quintal,  a vista a partir da varanda é belíssima, com a extensa cadeia da Serra da Bocaina não muito longe. Ao longo da extensa depressão que margeia a rodovia, pouco profunda e que vai até o muro de nosso condominio, menos de 10 metros de largura (não sou muito boa em calcular distâncias), havia muitas bananeiras. Alguns meses atrás, trabalhadores do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), derrubaram árvores e arbustos ao longo da rodovia, para dar lugar a mais meia pista de asfalto de cada lado - nas direções sul e norte. Esse declive, adjacente à pista, foi preenchido e as novas meias-pistas construídas. As bananeiras, é claro, foram derrubadas. Ao longo da pista na direção sul, para São Paulo, os tratores derrubaram espécimes da Mata Atlântica. Do nosso lado, havia apenas alguns magros espécimes da Mata, gramíneas e dezenas de bananeiras.
      Certa manhã (fazem essas coisas de madrugada, sabe-se lá por quê), ao chegar à varanda, dei com aquele espaço, antes verde, totalmente arrasado. Bananeiras, árvores e mato jaziam espalhados, sob o sol forte. Eles não precisavam cortar tudo! pensei. Seria suficiente tirar apenas a vegetação imediatamente adjacente à rodovia. Mas não, não houve nenhum critério, nenhum estudo de viabilidade. Tudo foi arrancado. Quando me acostumei com aquela terra arrasada, começaram a aparecer, apenas uma semana depois, os primeiros brotos, rompendo de sob as folhas secas e a terra avermelhada...  Meses passados, a vegetação já está quase que totalmente recomposta, pelo menos no tocante aos pés de banana e às gramíneas. As pequenas árvores não voltarão. Dá dó, saber quão pouco valor se dá ao verde neste país.    
      Minhe intenção era falar sobre algo que geralmente passa despercebido na bananeira: o coração de banana (também conhecido como coração de bananeira, umbigo da banana ou flor de banana), que eu mal notava ao chegar aqui, pendente do centro dos cachos ainda verdes. Trata-se de uma espécie de bulbo de folhas sobrepostas, roxo-azuladas, que na cidade ninguém sabe para que serve. Precisei vir morar em Paraty para saber que aquelas pétalas roxas dão uma excelente salada e que ficam uma delícia mesclados a carne moída. E mais, e mais... Fica para a próxima. 

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