Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Zen

      Dois exemplos de como as montanhas e o mar agem sobre os moradores de Paraty, deixando-os calminhos, calminhos.
      Ligo para M., a menina que ficou de vir hoje às 9 horas, completar a faxina (já eram 8:30h), só para confirmar.
      - Oi, dona N.!
      - M., você vem hoje terminar o serviço?
      - Ah, dona N., não vai dar. Eu também estou me mudando (era verdade, ela havia comentado isso na semana passada, só não disse que seria exatamente no dia combinado para ir lá em casa) e tenho muita coisa pra fazer.
      - Ah, é? Então muito obrigada. Tchau! respondi, com a voz o mais suave possível. 
      Minutos depois, pensei que deveria ter feito algumas colocações. Era um absurdo que eu reservasse a manhã a esperá-la, como combinado, e ela não aparecesse sem dar aviso algum. Liguei de novo.
      - Oi, dona N.!
      - M., duas coisas: primeiro, ao marcar comigo, você já sabia que estava de mudança. Segundo, por que não me avisou de que não viria?
      - Não deu, dona N.! Não deu!
      Estava calminha, calminha. Eu, estressadíssima, sabia que não era verdade. Como, não deu? Mudanças não se fazem de um dia para o outro e ela tivera uma semana inteira para me avisar. Simplesmente agradeci e desliguei.
      O outro caso foi com a atendente da loja de toldos. Trata-se da instalação de um toldo no quintal (cimentado), com a função principal de proteger da chuva a bomba d'água instalada no ângulo do muro com a parede. O toldo cobrirá apenas 1/3 do quintal. Eu fora à loja contratar o serviço e ficaram de enviar um rapaz hoje de manhã para examinar o local. Ele me ligaria antes de chegar. Como já  fossem 11:30 min, liguei para lá. Perguntei se o rapaz ainda iria lá em casa hoje. A atendente:
      - Pois não, a senhora deixe seu telefone e endereço que entraremos em contato.
      - Não é preciso, vocês já têm aí meu nome, endereço e telefone.
      - Não, mas para a senhora ser atendida tem de deixar...
      - Eu não vou marcar nada, querida, só queria saber se o rapaz ainda vem aqui hoje.
      - Um momento, que vou passar para outra pessoa.
      Voz de mulher, talvez a mesma que me atendera pessoalmente no dia anterior.
      - Pois não?
     Eu me identifiquei.
      - Eu queria saber se está confirmada para hoje a visita de um funcionário daí para ver a viabilidade de um toldo.
      Ela quis saber meu nome, endereço e telefone e pesquisou a situação. Disse que o rapaz era uma espécie de contratado da firma e que ele tinha sua própria agenda. No momento, o tal rapaz estava no bairro de Laranjeiras, instalando um toldo. Perguntei por que, então, haviam agendado uma visita lá em casa para aquela manhã, se ele tinha trabalho a fazer em outro lugar. A resposta:
      - É que o trabalho dele demorou mais do que ele esperava. E depois, nós não temos controle sobre a agenda dele. Só ele sabe quando pode ir.
      - Mas, então, por que marcaram a visita para hoje de manhã?
      -  É que ele costuma sempre ligar para a pessoa, antes de ir.
      - Mas vocês marcaram a visita para hoje de manhã.
      - A visita, não. Marcamos de ele ligar para a senhora.
      - Mas ele não ligou até agora, e é quase meio-dia.
      - Ele deve ligar ainda, esteja tranquila.
      - Mas fiquei esperando a ligação dele esta manhã, em casa, pensando que a ligação era só para avisar que ele estaria chegando.
      - Não, ele ia ligar para marcar o dia.
      - - Então, por que me perguntaram em que dia eu preferia a visita? Combinei para hoje de manhã.
      Silêncio.
      - A senhora deixe seu endereço e telefone, que nós entramos em contato com ele.
      E etc., etc., etc. Ficaríamos nesse círculo vicioso, dando cada uma um nó na cabeça da outra. A probabilidade de você ficar esperando horas e horas, dias e dias, por uma promessa não cumprida, mal explicada quando feita, é altíssima. Se você não cuidar, a tal pessoa que disse que ia ligar, ou chegar, nunca liga nem chega. O jeito é desestressar. E não volto mais ao assunto.

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