Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sábado, 13 de julho de 2013

Desmemória

      Devo dizer que a M., que iria fazer a faxina e fizera no show duas vezes, compareceu na terceira vez, no dia e hora combinados. Devo dizer também que corrimão da escada, guarda-corpo da saleta à qual a escada dá acesso, porta do lavabo no andar térreo e guarda-roupas, meu e do A. (este aproveitando uma parede num canto do quarto, ao lado do banheiro), estão prontos. E ainda devo dizer que, a cada ida necessária à casa nova, levo um pouco de mim: um pacote de livros, uma sacola com enfeites para a sala, batons e lixas, pulseiras e panelas, CDs e vasos de flores.
      Os vizinhos gostaram da porta de correr que instalamos no lavabo, isolando-o da sala de estar melhor do que a antiga porta-camarão que já veio com o projeto. Pintamo-la de branco, para se harmonizar com a parede e ficar mais discreta. Falta muita coisa ainda para nos instalarmos: contratar um profissional para fazer a dedetização, marcar com uma transportadora o dia da mudança (até o dia 21, data-limite para entregarmos o antigo chalé) e prepararmo-nos para as consequências: desconforto, sujeira, bagunça, sensação de que as coisas estão fora de lugar (e estão mesmo). O curioso, porém, é que não me lembro, nas sucessivas mudanças sofridas pela família, de nenhum transtorno. Inconscientemente, apaguei da memória tudo o que se refere ao transporte (dos móveis, das pessoas). Teria sido de trem, de caminhão? Fui numa boleia de caminhão ou sentada num assento de vagão de trem?
      Onde ficou meu passado? Por que não consigo me recordar dessas mudanças?

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