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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Táxis e gente

      Por termos chegado muito tarde em casa, não fomos ver Blue Jasmine, na mostra Woody Allen, na sala do IPHAN, parte da programação do Cineclube Paraty. No próximo domingo, será exibido na Casa da Cultura, o premiado O som ao redor (2012), de Kleber Mendonça Filho. Desta vez, iremos. Temos andado bastante pelas pedras do Centro Histórico. Geralmente, vamos a pé pela estradinha (Av. Otávio Gama), com suas curvas e restinhos de Mata Atlântica nas laterais, da qual tanto já falei, pegando sombra e sol. A volta, em 90% dos casos, é de táxi, mas só porque geralmente voltamos para casa com algumas compras. São cerca de 3 km de ida e mais 3 km de volta, mas fazemos isso com prazer, é nossa caminhada matinal saudável. Não raro, um conhecido passa de carro e oferece carona. Só aceitamos em dois casos: ou estamos com muita pressa, ou atrasados. Fora isso, a caminhada é regra geral.
      Quanto aos táxis, a corrida aqui é, como vulgarmente se diz, "no tiro", mas não aleatoriamente e sim com autorização da prefeitura. Perguntamos a um taxista a razão. Segundo eles, como a maioria da população não usa táxis (sem condições) e os turistas também passam longe dos pontos (a não ser quando chegam à Rodoviária, se vêm de ônibus, idem na saída), se cobrarem pelo taxímetro, irão à falência por falta de passageiros. Uma corrida como a que fazemos quase diariamente, até o Portal, custaria, num táxi normal, cerca de R$ 8,00 a R$ 10,00. Quem não é nem turista, nem nativo da terra, e não tem carro, como nós, fica em desvantagem, obrigado a utilizar os táxis, a um preço alto (atualmente, de R$ 20,00 para bairros próximos, como o nosso, com um trajeto de cerca de três quilômetros até o centro). O preço aumenta para bairros mais distantes.
      Taxistas daqui (como em toda parte) sabem da vida de todo mundo, do prefeito ao mais humilde trabalhador de obra. A., que é muito falante, contou que um seu amigo, que mora aqui há muito mais tempo que nós, aconselhou-o a não falar (mal) de ninguém, porque todo mundo se conhece. Há muita gente aparentada e fatalmente o alvo do comentário vai acabar sabendo. Cidade pequena tem dessas coisas. Eu, como tenho horror de quem fala dos outros pelas costas, estou livre disso, até porque falo pouco. Não quero com isso dizer que A. age de forma tão deseducada: é que, por ser extrovertido ao extremo, ele tem dificuldades de filtrar o que fala, exatamente o oposto de mim. Isso está até ocasionando um problema de logística social: A. faz amigos, conversa, cumprimenta, acena para as pessoas, aparece, enfim, e eu... pelo contraste de temperamentos, faço o papel da antipática! Noto que, socialmente, as pessoas acabam se dirigindo somente a ele. Mas tudo bem.

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