Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Festa

       Feriado de Páscoa, cidade cheia. E a visita de Gui, meu enteado e Jô, sua mulher. No sábado, fomos experimentar o pastel de angu (!) do Trapiche. Com massa fininha (preferia que fosse um pouco mais grossa, para fazer jus à rusticidade do angu), tinha recheio de camarão ou carne-seca com catupiry. Tomamos um vinho chileno leve, o Travessia (a oferta de vinhos era de apenas três títulos), mas que até harmonizou bem. Na sexta-feira à tarde, assim que eles chegaram, almoçamos no Punto di Vino, junto à Praça da Matriz, um bom restaurante italiano, com massas deliciosas. Como era dia 29, seguimos a tradição e escolhemos nhoques variados, botando dinheiro debaixo do prato, para dar sorte. De entrada, saladas coloridíssimas e deliciosas. 
      Por incrivel que pareça, descobriram que não há morcegos em nossa nova casa. Só não entendi os que apareceram mortos na cozinha e no banheiro dos fundos. Em compensação, descobrimos um ninho de marimbondos na varanda de nosso quarto e chamamos os bombeiros. Às oito da noite, começou um tremendo temporal. É claro que não apareceram. Nem poderiam avisar, já que os celulares, na metade do tempo, ficam mudos, especialmente quando chove. A vida aqui corre com uma encantadora fluidez. Descobri por que as pessoas são tão calmas, não cumprem o combinado, dizem que vão mas não vão e às vezes até alegam, candidamente, o esquecimento como justificativa. Trata-se de uma filosofia de vida. Como cumprir compromissos, se na hora aprazada cai um temporal e os telefones ficam mudos? Assim, fica tudo bem e ninguém espera avisos, desculpas nem reclamações. De qualquer forma, A. atravessou a estrada debaixo de chuva e foi esperá-los junto ao portão do condomínio novo. Em vão.
      Busca por marceneiros, vidraceiros, instalação de armários, boxes de chuveiro, conserto de vidraças quebradas, instalação de energia elétrica: em vez de festa, agora só temos trabalho. E não foi diferente ontem, nem hoje. Batemos pernas o dia inteiro, desta vez não prazerosamente pelo Centro Histórico, em busca do melhor restaurante ou café: vamos mesmo pelas ruas transversais ao Multimarket (a cinco minutos a pé do centro), onde há boa oferta de lojas desse tipo. No entanto, é estranho que não me sinta entusiasmada por ter, enfim, uma casa própria. É que mudanças de casa me deixam tremendamente ansiosa.

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