Flip

     Sim, estivemos na Flip. E, por incrível que pareça, permaneci muda a respeito. Nem uma palavra. Estive na conferência de abertura, assisti deliciada a várias mesas, vi escritores ao vivo, visitei os stands, comprei livros na livraria, bati pernas entre as duas grandes tendas armadas às margens do rio Perequê, e nada. Algum tempo depois, comentei sobre o Mimo Festival, falei do Madredeus, sou capaz até de comentar a próxima festa religiosa, de Nossa Senhora dos Remédios. Consegui, porém, passar "voando" pela Flip,  na verdade a festa mais importante de Paraty. Como explicar tamanha indiferença? Eu explico: eu me escondo, como fiz a vida inteira, quando a questão é literatura. Presa às raízes das raízes de meu passado, agito os galhos como uma árvore firmemente plantada no chão. E me esqueço de mim.