Tradução

"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vida em Paraty

     A garota estava sentada no banco da praça, cercada por três ou quatro meninas. Seu rosto estava de perfil  mas, de repente, encarou-me em três por quatro: era Josemary, minha melhor amiga da escola, com sua pele branquinha e e cabelos castanhos. Ao me ver, como que movido por uma mola, o rosto retomou seu perfil e, ato contínuo, o grupinho fechou-se em torno dela, uma parede de miúdos corpos pré-adolescentes, como se todo um corpo de baile afluísse para o centro do palco, num movimento ensaiado. Não entendendo, mas percebendo muito bem aquele movimento uníssono de ocultamento, continuei andando em direção ao grupo. Diálogo (eu, fingindo alegria): - Não adianta se esconder, porque eu já vi você! E ela: - Não estou me escondendo...! (tom de incerteza na voz).
      Este blog chama-se agora Vida em Paraty. E não me perguntem por quê me lembrei das garotas de escola na pracinha de São Fidélis. Coisa para Freud explicar. Só que, em três etapas de terapia, realizadas ao longo de minha vida, ele não conseguiu explicar nada. Talvez ele saiba a razão da troca do título do blog: o dia de mudança acabou e eu, finalmente, ancorei em algum lugar: Paraty.

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