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"O meticuloso exercício da escrita pode ser a nossa salvação" (Isabel Allende, em Paula)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Clima

      Sem querer ser alarmista, a geração que está nascendo agora poderá ser a derradeira neste nosso sofrido planeta. Não dá mais para fingir que nada está acontecendo: as mudanças climáticas estão aí para ficar. A mídia até parou de focar no tema "Ainda dá tempo de reverter o processo, basta mudar nosso comportamento, gastar menos água, diminuir as emissões de monóxido de carbono, dizer para os EUA pararem de sabotar as decisões das cúpulas sobre o clima", etc., etc. A mídia limita-se a informar os desastres naturais nos quatro cantos do planeta. Lamentavelmente, o futuro parece ter chegado, e mais rápido do que se esperava. Desastres naturais, antes notícia rara, têm sido constantes em todos os quadrantes do planeta: inundações e ondas gigantes na Inglaterra, nevascas nos EUA, alagamentos em cidades brasileiras, tornados em lugares antes insuspeitos (outro dia divisamos, eu e A., de nossa casa, para os lados da baía de Paraty, uma formação de tornado!) se tornaram comuns.
      As temperaturas altíssimas deste verão não deixam dúvidas: alguma coisa muito séria está acontecendo com este nosso pobre planeta, mais rápido do que se esperava. Vi há pouco tempo no You Tube uma cientista, cujo nome infelizmente não recordo, falando para uma plateia de interessados sobre o que acontecerá com a zona costeira de Miami até 2050: um metro de água avançando sobre os prédios, prejuízos para as grandes corporações, milhões de pessoas obrigadas a migrar para o interior do país. Voltando ao quintal de nossa casa, aqui mais perto de nós - Rio, São Paulo e Paraty, que fica bem entre os dois -um mês de calor sufocante, com sensação térmica de 50 graus, foi sucedido por uma chuvarada intensa e repentina, que, aliás, não desviou o foco do maçarico ambulante.
       Assisti, durante alguns minutos, da janela de casa - a que dá para a belíssima Serra da Bocaina - àquele despejar orgânico da Mãe Natureza, como um choro súbito, um pedido de socorro a nós, humanos. Como uma participante de mesa-redonda na TV explicou, outro dia: "As mudanças estão aí, não tem mais jeito, vamos deixar as coisas acontecerem e tratar de viver o aqui e agora". A cientista mostrou no You Tube, de forma dramática, como Miami estará nesse futuro próximo, exibindo slides de imagens de duas crianças imersas em água: uma delas, a menor, de seus sete ou oito anos, com água até o pescoço, ilustrava a situação dramaticamente. Assistindo a esse vídeo, cheguei à conclusão de que nada que o homem fizer agora brecará as mudanças. As consequências disso? Um cenário à la Orwell, com gangues famintas percorrendo as ruas, depredando e matando... questionamento de valores.... pera aí, acho que isso já está acontecendo por aqui. O futuro chegou.

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